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Artigo

A importância do gosto umami na primeira alimentação

Autor(a):: Hellen Dea Barros Maluly (MALULY, H.D.B.)
Farmacêutica e Doutora em Ciência de Alimentos. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/2754275781355863

Publicação: 2 de julho de 2021

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Resumo

O gosto umami está presente naturalmente no leite materno e pesquisas demonstraram que podem haver benefícios relacionados à presença de aminoácidos livres e nucleotídeos, como o glutamato, inosinato e guanilato, desde a primeira alimentação.

Palavras-chaves: gosto, sabor, papilas gustativas, aleitamento materno, umami, fórmulas infantis.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades, como a Academia Americana de Pediatria (The American Academy of Pediatrics – AAP), a Associação Médica Americana (American Medical Association – AMA) e a Associação Americana de Dietética (American Dietetic Association – ADA), recomendam o aleitamento materno como a melhor opção para alimentação dos bebês, pois ele pode ajudar na prevenção de alergias, na defesa contra micro-organismos e ainda na proteção contra uma série de doenças crônicas (DISANTO & DISANTO, 2021; WHO, 2021).

Pesquisadores do Instituto Monell, nos Estados Unidos da América, relataram que a alimentação nos primeiros meses de vida influenciaria, inclusive, em futuras escolhas alimentares (BEAUCHAMP & MENNELLA, 2009). Os estudiosos também descreveram a importância do glutamato livre no leite materno, que além de proporcionar o gosto umami, ainda poderia auxiliar na proteção da saúde intestinal e promoção da saciedade (SCHWARTZ et al., 2013; Baldeon & Flores, 2011; Koletzko et al., 2013).

Contudo, por diferentes motivos, muitas vezes não é possível utilizar o leite materno como fonte de alimentação. Por isso, as mães ou cuidadoras buscam fórmulas infantis presentes no mercado.

O Codex Alimentarius* recomenda que essas fórmulas possuam eficácia e segurança nutricional comprovadas cientificamente e tenham como base ingredientes contidos no leite de vaca e de outros animais, além da adição de certos nutrientes (vitaminas, minerais, lipídeos), que necessitam estar biodisponíveis (presentes na corrente sanguínea) para que não haja prejuízos no crescimento e desenvolvimento dos infantes (KOLETZKO et al., 2013) .

Verificou-se que algumas fórmulas infantis são pobres em aminoácidos livres, como glutamato, principalmente as que têm como base o leite de vaca. Já os leites que são feitos com base em proteínas hidrolisadas** são ricos nesses aminoácidos. Este fato pode influenciar tanto na aceitação do leite, como nos benefícios que o aminoácido glutamato proporciona (VENTURA et al., 2012).

Um outro fator interessante verificado nas recomendações do Codex Alimentarius foi a utilização de sais de nucleotídeos nas fórmulas infantis, recomendadas para bebês com mais de seis meses de idade. Essas substâncias também são promotoras do gosto umami e ainda possuem benefícios comprovados cientificamente.

HESS & GREENBERG (2012) publicaram uma revisão para esclarecer o motivo da utilização dos nucleotídeos nas fórmulas infantis. A pesquisa verificou que estas substâncias são moléculas condicionalmente essenciais, principalmente quando há stress fisiológico, como no crescimento e no desenvolvimento de células; recuperação por injúrias e infecções; e em certas condições de enfermidade. No caso de sua utilização na alimentação de bebês, foram verificadas melhorias na maturação e desenvolvimento do trato intestinal, bem como na função imunológica, assim como ocorre com o aminoácido glutamato.

Através de diferentes estudos que vem sendo publicados nos últimos anos, é possível verificar que substâncias como o aminoácido glutamato e os nucleotídeos podem gerar outros benefícios, além de proporcionar o delicioso gosto umami!

O Codex Alimentarius* recomenda que essas fórmulas possuam eficácia e segurança nutricional comprovadas cientificamente e tenham como base ingredientes contidos no leite de vaca e de outros animais, além da adição de certos nutrientes (vitaminas, minerais, lipídeos), que necessitam estar biodisponíveis (presentes na corrente sanguínea) para que não haja prejuízos no crescimento e desenvolvimento dos infantes (KOLETZKO et al., 2013).

** Proteínas hidrolisadas: são proteínas que foram quebradas a partir de alguma reação química e tiveram seus aminoácidos liberados. Geralmente a hidrólise é parcial. No caso das fórmulas infantis, algumas proteínas do leite de animais são quebradas, muitas vezes para evitar processos alérgicos.

Referências

  1. DISANTO, J., DISANTO, K.Y. Breastfeeding x Formula Feeding. Kids Health (Nemours Foundation). Disponível em: < http://kidshealth.org/parent/growth/feeding/breast_bottle_feeding.html#> Acesso em: 02/05/2021.
  2. WHO. World Health Organization. Breastfeeding. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/breastfeeding#tab=tab_1. Acesso em: 20/06/2021.
  3. BEAUCHAMP, G.K.; MENNELLA, J.A. Early flavor learning and its impact on later feeding behavior. Journal Pediatric Gastroenterology and Nutrition, 2009, v. 48, Suppl. 1, p. S25-30.
  4. SCHWARTZ, C.; CHABANET, C.; LAVAL, C.; ISSANCHOU, S.; NICKLAUS, S. Breast-feeding duration: influence on taste acceptance over the first year of life. Brazilian Journal of Nutrition, 2013, 109(6): 1154-61.
  5. BALDEON, M.; FLORES, N. O glutamato no leite materno e no desenvolvimento do intestino do lactente. In: Reyes FGR. Umami e glutamato: aspectos químicos, biológicos e tecnológicos. São Paulo: Editora Plêiade, 2011. 195p
  6. KOLETZKO, B.; BHUTTA, Z.A.; CAI, W.; CRUCHET, S.; EL GUINDI, M.; FUCHS, G.J.; GODDARD, E.A.; VAN GOUDOEVER, J.B.; QUAK, S.H.; KULKARNI, B.; MAKRIDES. M.; RIBEIRO, H.; WALKER, A. Compositional requirements of follow-up formula for use in infancy: recommendations of an international expert group coordinated by the Early Nutrition Academy. Annals of Nutrition and Metabolism, 2013, v.62, n.1, p.44-54.
  7. VENTURA, A.K.; BEAUCHAMP, G.K.; MENNELLA, J.A. Infant regulation of intake: the effect of free glutamate content in infant formulas. American Journal of Clinical Nutrition, 2012, v. 95, p.875-881.
  8. HESS, J.R.; GREENBERG, N.A. The role of nucleotides in the immune and gastrointestinal systems: potential clinical applications. Nutrition Clinical Practice, 2012, v.27, n. 2, p.281-94.

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